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O rendimento do CDI constantemente passa por mudanças e entender como funciona é fundamental para quem deseja investir. Antes de fazer esse investimento é preciso conhecer os fatores que influenciam o rendimento do CDI e saber como calcular.

Neste artigo, a BLU365 explica o que é o CDI, como funciona, como calcular e mais. Continue a leitura para saber tudo sobre o assunto.

O que é CDI?

O CDI é uma sigla que significa Certificado de Depósito Interbancário. Trata-se de uma taxa de juros usada no mercado financeiro brasileiro que representa o custo dos empréstimos de curtíssimo prazo entre bancos. Os bancos realizam essas operações diariamente para equilibrar suas reservas financeiras e o CDI reflete o custo dessas transações.

Como o CDI é utilizado?

Apesar de ser amplamente conhecido como um indicador em investimentos de renda fixa, o CDI também é um indicador da economia. Entenda como funciona:

  • Referência para investimentos: o CDI serve como parâmetro para diversos investimentos de renda fixa, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e fundos de renda fixa. Muitos desses produtos são atrelados a um percentual do CDI. Por exemplo, um CDB que oferece “100% do CDI” significa que ele rende exatamente o mesmo que a taxa CDI;
  • Parâmetro de rentabilidade: como o CDI é próximo à taxa Selic, ele é utilizado para comparar a rentabilidade de investimentos de renda fixa. Quando se diz que um investimento rendeu “120% do CDI”, significa que a rentabilidade foi 20% superior à taxa CDI no período;
  • Indicador da economia: como é uma taxa de juros relevante para a economia, o CDI também é acompanhado para entender as tendências de crédito e de juros no mercado financeiro.

CDI e Selic: qual a diferença?

Embora ambos estejam relacionados às taxas de juros, o CDI e a taxa Selic são diferentes. A Selic é a taxa básica de juros da economia, definida pelo Banco Central e usada para controlar a inflação. O CDI, por outro lado, é mais diretamente ligado aos empréstimos interbancários, mas geralmente está em um nível bem próximo ao da Selic.

Quais fatores influenciam o rendimento do CDI?

O rendimento do CDI é influenciado por vários fatores econômicos e financeiros que impactam a taxa de juros e o ambiente de crédito no Brasil. Listamos os fatores a seguir.

1. Taxa Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Banco Central para controlar a inflação. Como a taxa CDI acompanha de perto a Selic, uma alta na Selic tende a elevar o CDI, enquanto uma queda na Selic geralmente faz o CDI diminuir.

Quando o Banco Central aumenta a Selic, os juros de empréstimos e financiamentos aumentam, incentivando os bancos a cobrarem mais em suas operações interbancárias, o que eleva o CDI.

2. Inflação

A inflação influencia o rendimento do CDI indiretamente, pois o Banco Central ajusta a Selic para controlar a inflação. Se a inflação está alta, o Banco Central tende a aumentar a Selic, o que leva ao aumento do CDI.

A relação entre inflação e juros é importante para manter o poder de compra dos investidores e proteger os rendimentos reais.

3. Política monetária do banco central

As decisões de política monetária, incluindo as metas de inflação e os ajustes na Selic, são fundamentais para entender o rendimento do CDI. Em momentos de crise ou de estímulo econômico, o Banco Central pode decidir baixar ou aumentar os juros, o que impacta diretamente o CDI.

Medidas como o aumento ou redução do compulsório (parcela de depósitos que os bancos devem manter no Banco Central) também influenciam a liquidez do sistema bancário e, portanto, o CDI.

4. Liquidez do mercado bancário

O rendimento do CDI reflete o custo dos empréstimos de curtíssimo prazo entre bancos, então a disponibilidade de recursos nos bancos influencia essa taxa. Em momentos de maior liquidez (com mais dinheiro em circulação), o CDI tende a ser mais baixo.

Quando a liquidez diminui (por exemplo, em crises financeiras ou por regulamentações mais rígidas), o CDI pode subir, já que os bancos precisam pagar mais para tomar empréstimos entre si.

5. Situação econômica e fiscal do Brasil

A saúde econômica e fiscal do Brasil impacta diretamente a confiança e a percepção de risco. Em cenários de incerteza econômica, os bancos podem cobrar mais pelos empréstimos, elevando o rendimento do CDI. Além disso, a confiança do mercado nas contas públicas afeta a inflação e os juros, impactando a Selic e o CDI.

6. Expectativas do mercado

As expectativas dos investidores e analistas sobre a inflação futura, o crescimento econômico e as políticas monetárias influenciam as taxas de juros. Quando o mercado acredita que a inflação vai subir, o CDI pode subir em antecipação, acompanhando possíveis ajustes futuros na Selic.

Relatórios como o Boletim Focus do Banco Central e indicadores econômicos globais também influenciam as expectativas sobre o CDI.

7. Cenário internacional

Mudanças nas taxas de juros em economias relevantes, como os Estados Unidos (a taxa do Federal Reserve), afetam a atratividade de investimentos no Brasil e, consequentemente, a taxa CDI.

No geral, o comportamento das economias estrangeiras, como crises ou expansões, afeta os fluxos de capitais e, em casos de fuga de capital, pode haver um aumento dos juros para reter investimentos, elevando o CDI.

Esses fatores são interdependentes e, juntos, determinam a taxa CDI que influencia diretamente o rendimento do CDI em investimentos atrelados a ele.

Quanto rende 100% do CDI?

O rendimento do CDI a 100% significa que o investimento rende exatamente o valor da taxa CDI em um período específico. A taxa CDI varia diariamente, mas costuma estar próxima da taxa Selic, como vimos acima. O valor do CDI hoje (novembro de 2024) é de 10,97% ao ano.

Como calcular o rendimento do CDI?

O rendimento do CDI é calculado de acordo com a taxa vigente no momento. Portanto, é preciso somar o valor investido + a taxa do CDI. Caso o CDI seja 100%, o valor é completo. Caso seja 104%, a conta irá considerar a adição de 4% no valor final. Veja um exemplo para entender melhor:

  • Rendimento= valor investido + taxa CDI;
  • Rendimento= R$5.000,00 + 10,97% ao ano;
  • Rendimento= R$5.548,50.

Isso significa que R$5.000, investidos no período de um ano, rendem R$548,50. Em períodos maiores ou menores, é preciso calcular de forma proporcional.

Contudo, vale lembrar que alguns investimentos atrelados ao CDI estão sujeitos ao Imposto de Renda, como é o caso da alíquota de 20% que incide os CBDs. No exemplo acima, é preciso calcular da seguinte forma:

  • Rendimento= rendimento bruto – 20% do IR;
  • Rendimento= R$548,50 – 20%;
  • Rendimento= R$438,80.

Portanto, o resgate final ao longo de um ano é de R$5.438,80.

Quais investimentos são atrelados ao CDI?

Investimentos atrelados ao CDI são aqueles que utilizam a taxa CDI como referência para determinar a rentabilidade. Veja quais são eles a seguir.

1. CDB (Certificado de Depósito Bancário)

Os CDBs são títulos emitidos por bancos para captar dinheiro do mercado, que depois é emprestado a outros clientes. Em troca, os bancos pagam uma taxa de juros, que geralmente é atrelada ao CDI. Normalmente, CDBs de grandes bancos oferecem entre 90% a 100% do CDI, enquanto bancos menores podem oferecer até 120% do CDI ou mais, para atrair investidores.

Os CDBs contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), até o limite de R$250 mil por CPF e por instituição.

2. LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)

LCI e LCA são títulos de crédito emitidos por bancos, que destinam os recursos ao financiamento imobiliário e ao agronegócio, respectivamente.

Elas são atrativas por serem isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que aumenta a rentabilidade líquida em relação a outros investimentos. Esses títulos também são frequentemente atrelados a um percentual do CDI, variando entre 80% e 100% do CDI.

3. Fundos DI (Fundos Referenciados DI)

Os Fundos DI são fundos de investimento que aplicam a maior parte do seu patrimônio em títulos públicos e outros ativos de renda fixa que acompanham a taxa CDI.

Esses fundos buscam replicar o CDI como benchmark, sendo uma opção prática para investidores que desejam acompanhar a taxa de juros sem precisar de um prazo específico para resgate. É importante verificar a taxa de administração, que pode impactar a rentabilidade líquida.

4. Debêntures

Algumas debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas) podem ser atreladas ao CDI, especialmente as de empresas que desejam pagar um juro pós-fixado. Esses títulos têm maior risco, pois não são garantidos pelo FGC. Em contrapartida, podem oferecer rentabilidades mais elevadas, como 110% ou até 200% do CDI.

As debêntures incentivadas têm isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que as torna atrativas para quem busca maior retorno com rendimentos atrelados ao CDI.

5. CRI e CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio)

CRI e CRA são títulos lastreados em recebíveis do setor imobiliário e do agronegócio, respectivamente. Muitos desses títulos têm rentabilidade atrelada ao CDI. Eles também são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, e seu rendimento é variável conforme a taxa CDI.

Esses investimentos não contam com a garantia do FGC, portanto apresentam maior risco e requerem análise detalhada antes do investimento.

6. Letra Financeira (LF)

As Letras Financeiras são títulos de longo prazo emitidos por bancos, geralmente voltados para grandes investidores. Muitas letras financeiras são pós-fixadas e rendem um percentual do CDI. Normalmente, as Letras Financeiras têm valores mínimos de investimento mais altos e prazos de vencimento mais longos, sem possibilidade de resgate antes do vencimento.

Também são protegidas pelo FGC, mas podem oferecer rendimentos bastante atrativos devido à falta de liquidez imediata.

7. Títulos públicos pós-fixados (Tesouro Selic)

Embora não seja atrelado diretamente ao CDI, o Tesouro Selic rende de forma próxima ao CDI, pois sua rentabilidade acompanha a taxa Selic. É considerado um dos investimentos mais seguros do país, sendo garantido pelo governo federal.

É uma alternativa para quem quer uma rentabilidade semelhante ao CDI com maior segurança. Normalmente é a primeira opção, além da poupança, para quem deseja começar a guardar dinheiro.

Agora você já sabe tudo sobre o rendimento do CDI. Que tal começar sua reserva de emergência?

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