Em janeiro de 2025 a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) fez um alerta sobre o golpe da selfie. A nova fraude tem feito vítimas em todo o Brasil e tem se aproveitado especialmente de pessoas vulneráveis, como os idosos.
No golpe, a biometria facial é utilizada para acessar informações sensíveis sobre as vítimas e, assim, ter acesso a contas bancárias e aplicar fraudes. Neste artigo, a BLU365 explica o que é o golpe da selfie e como se proteger. Continue a leitura e saiba mais.
Índice:
O que é o golpe da selfie?
O golpe da selfie é um tipo de fraude digital em que criminosos enganam a vítima para que ela envie uma selfie segurando um documento de identidade, como RG ou CNH. Com essa imagem, os golpistas conseguem se passar pela vítima em cadastros online, especialmente em instituições financeiras, fintechs e operadoras de crédito, para abrir contas, fazer empréstimos ou realizar outras transações fraudulentas.
O golpe compromete de forma grave a segurança financeira da vítima, já que o golpista rouba a sua identidade e a submete a perdas financeiras.
Como funciona o golpe da selfie?
Entender como o golpe funciona é a melhor forma de se prevenir contra ele. Embora a abordagem seja diferente em cada caso, o golpe da selfie costuma seguir o seguinte roteiro:
- Abordagem falsa: os golpistas entram em contato fingindo ser representantes de bancos, empresas de emprego, lojas online ou até órgãos públicos. Em alguns casos, podem alegar que a vítima recebeu algum tipo de benefício e que precisa comprovar a sua identidade;
- Pretexto convincente: alegam que precisam da selfie com documento para “confirmar a identidade”, “liberar crédito”, “validar um cadastro” ou “aprovar em um processo seletivo”;
- Uso indevido: com a imagem da vítima, os criminosos burlam sistemas de verificação facial e de identidade, cometendo fraudes em nome da pessoa.
Embora a primeira abordagem possa ter pretextos diferentes, o desenrolar da história é sempre o mesmo: o golpista solicita uma selfie da vítima com seus documentos. Conhecer o funcionamento da fraude pode impedir que você ou algum familiar seja o próximo prejudicado.
Por que o golpe é tão perigoso?
O golpe da selfie é especialmente perigoso porque envolve o uso da imagem e dos dados pessoais da vítima de forma extremamente convincente para fraudes financeiras e de identidade. Entenda os principais motivos que o tornam tão arriscado.
1. Facilidade de burlar sistemas de segurança
Hoje, muitos bancos e empresas utilizam reconhecimento facial e selfies com documentos como forma de autenticação. Ao conseguir uma foto legítima da vítima segurando um documento, os criminosos podem enganar esses sistemas com facilidade, como se fossem a própria pessoa.
2. Uso para fraudes financeiras
Com a selfie e os dados do documento, os golpistas conseguem:
- Abrir contas bancárias digitais;
- Solicitar cartões de crédito;
- Contratar empréstimos e financiamentos;
- Fazer compras em nome da vítima.
Essas transações geralmente são feitas sem que a vítima perceba e o prejuízo só aparece quando começam a chegar cobranças ou a pontuação de crédito é afetada.
3. Roubo de identidade
Além de causar prejuízos financeiros, o golpe da selfie também configura um roubo de identidade, o que pode gerar problemas jurídicos e levar meses para ser resolvido. A vítima pode ter o nome negativado, responder a processos ou investigações indevidas.
4. Dificuldade para reverter o golpe
Após perceber o golpe, a vítima precisa passar por uma série de processos para reverter o golpe. É preciso registrar boletim de ocorrência, entrar em contato com todas as instituições envolvidas, apresentar provas de que foi vítima de fraude, além de acompanhar investigações e, muitas vezes, enfrentar processos demorados e burocráticos.
5. Alto poder de convencimento dos criminosos
Golpistas se passam por funcionários de bancos, empresas de RH, suporte técnico ou lojas conhecidas, o que dá credibilidade à abordagem e faz com que muitas pessoas, mesmo informadas, acabem caindo na armadilha.
Entender todos esses riscos envolvidos certamente vai fazer com que você reforce a sua atenção, não é mesmo?
Quem são as principais vítimas do golpe da selfie?
De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, pessoas idosas são as principais vítimas em casos como o golpe da selfie. Dentre os mais de 74,2 mil casos de violação dos direitos patrimoniais, cerca de 43,6 mil afetaram pessoas com 60 anos ou mais.
Mas os idosos não são os únicos afetados. A seguir, listamos os grupos mais vulneráveis ao golpe da selfie.
Pessoas em busca de emprego
Criminosos se passam por recrutadores ou empresas fictícias, solicitando selfies com documentos como parte de um suposto processo seletivo. Como a ansiedade por uma vaga pode ser alta, especialmente em momentos de crise econômica, muitas vítimas não desconfiam da solicitação incomum.
Pessoas com dificuldades financeira
Pessoas em situação de vulnerabilidade financeira também estão mais propensas a cair em falsas promessas de empréstimos fáceis, liberação de crédito ou negociação de dívidas, nas quais os golpistas pedem o envio de selfies como parte da “análise cadastral”.
Pessoas com pouca familiaridade digital
Por terem menos experiência com golpes virtuais e menos desconfiança das tecnologias modernas, confiam com facilidade em quem se apresenta como funcionário de banco ou empresa conhecida.
Clientes de bancos digitais e fintechs
Como esses serviços costumam exigir selfies para autenticação, golpistas se aproveitam da familiaridade com esse processo para pedir imagens falsas em nome dessas instituições.
Usuários de redes sociais e marketplaces
Criminosos se passam por vendedores ou compradores e, durante a negociação, alegam que precisam “validar a identidade” para continuar a transação, o que é falso. Também usam perfis clonados para enganar amigos e familiares das vítimas.
Vale lembrar que qualquer pessoa pode ser vítima, mas esses grupos estão entre os mais visados devido à vulnerabilidade emocional, social ou tecnológica.
Como identificar o golpe da selfie?
Identificar o golpe da selfie exige atenção a detalhes que, à primeira vista, podem parecer normais. Os golpistas costumam ser convincentes, mas há sinais claros de alerta que ajudam a reconhecer a fraude. Veja abaixo os principais.
Solicitação incomum de selfie com documento
Se alguém pede uma selfie segurando seu RG, CNH ou outro documento, especialmente fora de um contexto claramente legítimo (como abertura de conta em um banco que você procurou), desconfie imediatamente. Esse pedido não é comum em processos seletivos, compras online ou simples atualizações de cadastro.
Comunicação fora dos canais oficiais
Contatos por WhatsApp, redes sociais ou e-mails genéricos (como Gmail, Hotmail) em nome de empresas ou bancos são suspeitos. Ainda que alguém esteja abrindo uma conta digital, o pedido para envio da selfie com o documento costuma acontecer dentro do próprio app.
Ao receber um contato desse tipo, verifique se o número ou endereço de e-mail realmente pertence à empresa. E lembre-se: empresas sérias raramente fazem esse tipo de solicitação por mensagens diretas ou redes sociais.
Falta de informações oficiais
Sites ou perfis com poucas informações, erros de português, ausência de CNPJ ou política de privacidade são fortes indícios de golpe. Desconfie de páginas ou empresas que não têm presença digital confiável (site oficial, redes sociais verificadas ou reputação em sites como Reclame Aqui).
Promessas fáceis demais
“Crédito aprovado na hora”, “empréstimo sem análise”, “vaga garantida com processo rápido”: promessas muito boas para ser verdade geralmente são armadilhas. Esses golpes apelam para a emoção e urgência, incentivando decisões impulsivas.
Pressão para agir rapidamente
Golpistas costumam pressionar: “mande agora para garantir a vaga” ou “é só até hoje”. Isso é uma tática para evitar que a vítima pense ou verifique a informação com alguém de confiança.
Uso de nomes de empresas reais
Os criminosos frequentemente usam nomes de empresas legítimas, logotipos e até links falsos para dar credibilidade. Sempre vá até o site oficial da empresa para confirmar se aquele contato é verdadeiro.
Como se proteger do golpe da selfie?
Para se proteger do golpe da selfie, é fundamental adotar hábitos de segurança digital e desconfiar de qualquer solicitação incomum de dados pessoais ou fotos. A seguir, veja as principais medidas de prevenção.
1. Nunca envie selfie com documento sem certeza da finalidade
Desconfie sempre que pedirem uma foto sua com RG, CNH ou outro documento. E só envie esse tipo de imagem se for um processo que você iniciou e por canais oficiais e seguros. Na dúvida, entre em contato com a empresa para esclarecer.
2. Verifique a identidade de quem está solicitando
Se for uma empresa, confirme os dados de contato no site oficial. Desconfie de erros de ortografia, tom muito informal ou pressa exagerada na comunicação. Além disso, busque o endereço de e-mail e número oficial da empresa para conferir se é o mesmo que entrou em contato com você.
3. Acesse sites e apps oficiais
Nunca clique em links enviados por desconhecidos sem verificar. Prefira acessar diretamente o site oficial da empresa digitando o endereço no navegador. Use sempre aplicativos baixados pelas lojas oficiais (Google Play ou App Store).
4. Não forneça dados pessoais por redes sociais ou mensagens
Bancos, empresas sérias e órgãos públicos não pedem dados sensíveis por WhatsApp, Instagram ou SMS, especialmente fotos com documentos. Se receber esse tipo de pedido, bloqueie e denuncie.
5. Ative autenticação em duas etapas
Use a autenticação em dois fatores (2FA) em aplicativos bancários, redes sociais e e-mails para dificultar acessos indevidos.
6. Compartilhe a informação
Avise familiares, especialmente idosos ou pessoas com menos experiência digital, sobre esse tipo de golpe. Quanto mais gente souber, menor a chance de cair.
7. Em caso de suspeita, aja rápido
Se você já enviou uma selfie com documento é importante entrar em contato com seu banco imediatamente. Depois, faça um boletim de ocorrência, que pode ser feito de forma online, dependendo da cidade ou estado de residência.
Também é importante monitorar seu CPF em serviços como Serasa, Boa Vista ou Registrato (Banco Central) para identificar movimentações suspeitas.