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Você já sentiu que, por mais que economize ou ganhe dinheiro, ainda vive com a sensação de que nunca é o suficiente? Ou tem dificuldade em reconhecer sua estabilidade financeira, mesmo quando os números dizem o contrário? Esses sentimentos podem estar ligados a um fenômeno psicológico chamado dismorfia financeira.

A dismorfia financeira é uma percepção distorcida sobre sua realidade econômica. Neste post, vamos explicar o que é a dismorfia financeira, como ela afeta decisões do dia a dia e, principalmente, como você pode melhorar sua relação com o dinheiro de forma mais saudável e equilibrada.

O que é dismorfia financeira?

Dismorfia financeira é um termo usado para descrever uma percepção distorcida da própria situação financeira. Assim como a dismorfia corporal envolve uma visão equivocada do corpo, a dismorfia financeira faz com que a pessoa enxergue sua realidade econômica de forma desconectada dos fatos, muitas vezes acreditando que está financeiramente mal, mesmo tendo estabilidade, ou sentindo culpa ao gastar, independentemente do saldo bancário.

Essa percepção distorcida também pode se caracterizar pelo oposto, quando a pessoa observa a própria situação financeira melhor do que ela é, levando a gastos impulsivos e comprometendo a sua renda.

Essa distorção pode se manifestar de várias formas, como:

  • Sensação constante de escassez, mesmo com renda estável e adequada ao estilo de vida;
  • Medo irracional de gastar, investir ou aproveitar o dinheiro;
  • Culpa por consumir, mesmo quando é algo planejado;
  • Gastos impulsos e excessivos, além de sua capacidade de pagamento;
  • Comparações excessivas com a vida financeira de outras pessoas.

É uma condição que pode estar ligada à ansiedade, ao perfeccionismo, traumas financeiros do passado ou até a influências sociais e culturais. Reconhecer a dismorfia financeira é o primeiro passo para melhorar a relação com o dinheiro e tomar decisões mais conscientes e equilibradas.

Dados sobre a dismorfia financeira mostram que ela é um problema real

Um estudo da Credit Karma revelou que cerca de 43% da Geração Z e 41% dos millennials relatam sofrer de dismorfia financeira. Os dados também indicam que 48% da Geração Z se sente financeiramente atrasada em relação às gerações anteriores.

Trazendo para o contexto brasileiro, uma pesquisa feita pelo Will Bank revelou que 99% dos brasileiros sente algum grau de dismorfia financeira, o que reforça o quanto as finanças podem prejudicar a saúde mental.

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A dismorfia financeira pode levar a um ciclo de preocupação e ansiedade, dificultando a tomada de decisões financeiras e prejudicando a saúde mental. Mas é possível sair desse ciclo e saber mais sobre a dismorfia financeira pode ser o primeiro passo para reverter a situação.

Qual a diferença entre dismorfia financeira e outros transtornos que envolvem as finanças?

A dismorfia financeira se diferencia de outros transtornos relacionados ao dinheiro principalmente pela distorção da percepção da realidade financeira, ou seja, a forma como a pessoa se vê em relação ao dinheiro, independentemente dos fatos concretos.

Confira um comparativo com outros transtornos financeiros comuns.

Dismorfia financeira

  • Quadro caracterizada por: percepção distorcida da situação financeira pessoal;
  • Exemplo: alguém que tem boa renda e reservas, mas se sente “pobre” ou constantemente em risco de perder tudo;
  • Origem possível: ansiedade, baixa autoestima, traumas financeiros, influência social (comparações constantes).

Compras compulsivas (oniomania)

  • Quadro caracterizada por: impulso incontrolável de comprar, mesmo sem necessidade;
  • Exemplo: gastar excessivamente para aliviar emoções como ansiedade, tristeza ou tédio;
  • Origem possível: transtornos de humor, baixa regulação emocional, stress e ansiedade.

Acúmulo de dinheiro (aversão ao gasto / avareza patológica)

  • Quadro caracterizada por: apego excessivo ao dinheiro e medo irracional de gastar;
  • Exemplo: evitar qualquer despesa, mesmo que essencial, por medo de ficar sem dinheiro;
  • Origem possível: insegurança, histórico de escassez, transtornos de ansiedade.

A dismorfia financeira é mais subjetiva e ligada à autoimagem financeira, enquanto outros transtornos envolvem comportamentos impulsivos, compulsivos ou que envolvem evitar usar dinheiro em qualquer situação.

Como a dismorfia financeira pode afetar as finanças pessoais?

A dismorfia financeira pode afetar profundamente a forma como uma pessoa vive, toma decisões e se relaciona. Mesmo diante de uma situação financeira estável ou confortável, quem sofre com essa distorção costuma carregar uma sensação constante de insegurança e escassez. Isso gera ansiedade, culpa ao gastar, medo de investir e uma percepção de que nunca é suficiente, não importa o quanto se ganhe ou economize.

Esse sentimento pode impactar a saúde mental, levando a quadros de estresse e até depressão. Também influencia a vida profissional, já que muitas pessoas deixam de buscar melhores oportunidades ou aceitar desafios com receio de comprometer sua “segurança”, mesmo que essa ameaça seja mais imaginária do que real. Nas decisões do dia a dia, o efeito pode se manifestar tanto pelo bloqueio de gastos importantes quanto por compras impulsivas, numa tentativa de aliviar a frustração ou preencher um vazio emocional.

Nos relacionamentos, a dismorfia financeira tende a gerar conflitos, especialmente quando há divergência entre o que a pessoa acredita ser possível gastar e a realidade objetiva da família ou do parceiro.

Além disso, é comum o isolamento social, já que quem sofre com essa distorção evita situações que envolvam dinheiro, como viagens, jantares ou eventos sociais. A autoimagem também é afetada: a pessoa passa a se enxergar como financeiramente “inferior”, mesmo quando os dados mostram o contrário, alimentando um ciclo de comparação constante com os outros, muitas vezes com base em padrões irreais que vê nas redes sociais.

Como é possível observar, a dismorfia financeira não se limita ao bolso. Ela contamina percepções, relações e escolhas, tornando essencial o reconhecimento desse padrão para que seja possível reconstruir uma relação mais equilibrada e saudável com o dinheiro.

A educação financeira pode ajudar quem tem dismorfia financeira?

A educação financeira tem um papel fundamental, mas não necessariamente suficiente, para quem sofre com dismorfia financeira. Ela funciona como uma ferramenta de clareza e realidade, ajudando a pessoa a confrontar percepções distorcidas com dados concretos e informações objetivas. Quando bem aplicada, pode trazer mais segurança para tomar decisões, reduzir a ansiedade diante de gastos e mostrar que o dinheiro é um recurso vital e não uma fonte constante de medo ou culpa.

Para quem tem dismorfia financeira, aprender a fazer um orçamento, entender o próprio padrão de consumo, conhecer os próprios números e visualizar metas alcançáveis ajuda a criar pontos de ancoragem na realidade. Essa consciência pode, aos poucos, diminuir a distância entre o que se sente e o que realmente acontece na vida financeira.

No entanto, é importante reconhecer que, embora a educação financeira seja essencial, ela sozinha pode não resolver a dismorfia, já que estamos falando de um fenômeno com forte carga emocional e psicológica. Nesses casos, o ideal é combinar o conhecimento financeiro com apoio psicológico, como psicoterapia para trabalhar crenças limitantes, traumas e comportamentos automáticos ligados ao dinheiro.

7 dicas práticas para trazer a realidade para sua vida financeira

Como vimos, quem sofre com dismorfia financeira tem uma percepção alterada da realidade e, portanto, pode se beneficiar com práticas que auxiliam a ancorar na realidade. A seguir, listamos 7 práticas que trazem mais realidade para suas finanças.

1. Coloque tudo no papel (sem julgamento)

Anote sua renda, gastos fixos, variáveis, dívidas e investimentos. Ter uma visão clara da sua situação financeira ajuda a confrontar a sensação de escassez ou excesso com dados reais. Faça isso como um exercício de autoconhecimento, não de crítica.

2. Estabeleça metas realistas e significativas

Defina objetivos financeiros que façam sentido para você, mesmo que pareçam pequenos. Ter metas tangíveis, como montar uma reserva de emergência ou juntar para uma viagem, dá propósito ao dinheiro e diminui a sensação de incerteza.

3. Questione suas crenças sobre dinheiro

Reflita sobre frases que você repete mentalmente, como “não posso gastar com isso” ou “eu nunca tenho o suficiente”. Pergunte-se: isso é verdade ou é uma percepção antiga que não se aplica mais à minha realidade?

4. Evite comparações

Redes sociais e padrões externos distorcem a noção do que é “normal” financeiramente. Lembre-se de que cada pessoa tem um contexto, prioridades e histórias diferentes e o que funciona para um, pode não servir para outro.

5. Inclua o prazer na sua rotina financeira

Permita-se pequenos gastos com o que te dá alegria. Isso ajuda a quebrar a ideia de que todo gasto é errado ou perigoso. O equilíbrio entre responsabilidade e bem-estar é o que sustenta uma relação saudável com o dinheiro.

6. Converse sobre dinheiro com pessoas de confiança

Falar abertamente sobre finanças com amigos, familiares ou colegas de trabalho pode ajudar a normalizar suas experiências e perceber que muitas inseguranças são mais comuns do que parecem. Trocar vivências também ajuda a trazer novas perspectivas e romper com o isolamento causado pela dismorfia financeira.

7. Construa uma rotina de revisão financeira

Reserve um momento fixo na semana ou no mês para revisar suas finanças com calma. Esse hábito ajuda a desenvolver consciência e consistência, reduzindo o impacto das emoções nas decisões do dia a dia. Quanto mais familiaridade você tiver com seus números, menos espaço haverá para distorções.

Melhorar a relação com o dinheiro é um processo contínuo de autoconhecimento e equilíbrio. Reconhecer a dismorfia financeira é o primeiro passo para enxergar sua vida financeira com mais clareza, leveza e verdade. Conte sempre com a BLU365 para cuidar da sua saúde financeira!

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