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Entender o IR nunca foi exatamente simples e com as novas regras do Imposto de Renda progressivo, muita gente ficou ainda mais em dúvida sobre como será a cobrança daqui para frente. A boa notícia é que as mudanças buscam tornar o sistema mais justo, alinhando o valor do imposto ao nível de renda de cada contribuinte.

Neste post, você vai ver de forma prática como funciona o IR progressivo, o que mudou nas faixas, quais os impactos no bolso e como se preparar para declarar sem erros. Vamos simplificar tudo para que você saiba exatamente o que esperar.

O que é Imposto de Renda progressivo?

O Imposto de Renda progressivo é um modelo de tributação em que a alíquota aumenta conforme a renda do contribuinte cresce. Ou seja: quem ganha menos paga uma porcentagem menor de imposto, enquanto quem ganha mais contribui com uma parcela proporcionalmente maior.

Esse sistema é usado para tornar a cobrança mais equilibrada, já que considera a capacidade financeira de cada pessoa. Na prática, a renda é dividida em faixas e cada faixa possui uma alíquota específica. O imposto total devido é calculado somando o valor correspondente de cada faixa e não aplicando uma única taxa sobre toda a renda.

Como funciona o Imposto de Renda progressivo no Brasil hoje?

O Imposto de Renda progressivo funciona a partir de faixas de renda e alíquotas definidas pelo governo federal, que determinam se o contribuinte está isento ou se deve pagar imposto. Assim, de acordo com o valor recebido, é possível saber se haverá tributação e qual será o percentual aplicado.

No caso de salários, aposentadorias ou benefícios do INSS, o imposto muitas vezes já é retido diretamente na fonte. Esse valor descontado é considerado no momento da declaração: se o total retido ao longo do ano for maior do que o imposto realmente devido, a Receita Federal devolve a diferença por meio dos lotes de restituição, incluindo os lotes residuais, que contemplam acertos finais para quem ainda tinha valores a receber.

Imposto de Renda progressivo: como é atualmente

Até 2025, está isento quem possui renda mensal de até R$ 2.259,20. Além disso, a isenção se estende até R$ 2.824 (dois salários mínimos), pois há um desconto simplificado de R$ 564,80. Entenda a seguir como é o Imposto de Renda progressivo atualmente:

Base de cálculo anual (R$)Alíquota (%)Parcela a deduzir (R$)
Até R$ 26.963,200% (isento)0,00
De R$ 26.963,21 até R$ 33.919,807,5%R$ 2.022,24
De R$ 33.919,81 até R$ 45.012,6015%R$ 4.566,23
De R$ 45.012,61 até R$ 55.976,1622,5%R$ 7.942,17
Acima de R$ 55.976,1627,5%R$ 10.740,98

De acordo com a Receita Federal, o desconto simplificado de R$ 564,80é opcional. Há casos que podem receber deduções maiores, como quem tem dependentes, pensão alimentícia, além de gastos com edução e saúde.

O que muda no Imposto de Renda progressivo em 2026?

A partir de 1º de janeiro de 2026, entram em vigor novas regras no Imposto de Renda progressivo. A principal mudança é a ampliação significativa da faixa de isenção, além da criação de um mecanismo de desconto gradual para rendas um pouco acima desse limite.

1. Isenção para quem ganha até R$ 5.000 por mês

Quem recebe até R$ 5 mil mensais (seja salário, aposentadoria ou benefício do INSS) ficará completamente isento do Imposto de Renda. Essa é a maior ampliação da faixa de isenção já feita no IRPF.

2. Desconto parcial para quem ganha entre R$ 5.000 e cerca de R$ 7.350

Quem recebe acima da isenção, mas ainda dentro de uma faixa intermediária, terá redução gradual do imposto.

Funciona assim:

  • Quanto mais próximo de R$ 5.000, maior o desconto;
  • Quanto mais se aproxima de R$ 7.350, menor o benefício.

Na prática, essa faixa pagará menos imposto do que paga hoje, mesmo não sendo isenta.

3. Acima de R$ 7.350, cálculo segue a tabela progressiva normal

Para rendas maiores, as alíquotas progressivas continuam valendo:

  • 7,5%;
  • 15%;
  • 22,5%;
  • 27,5%.

Ou seja, não há desconto adicional, apenas o cálculo tradicional por faixas.

4. Ajustes na tributação de altas rendas

Para compensar a ampliação da isenção, haverá uma tributação mais rígida para rendas elevadas, incluindo mudanças no cálculo do imposto devido para quem recebe valores muito acima da média nacional.

Compare: IR progressivo antes e depois das novas regras

Entenda o impacto das novas regras a seguir.

Renda mensal (R$)Como era (2025) — IR devido Como fica (2026) — IR devido
R$ 3.000R$ 68,56 R$ 0,00 — isento
R$ 4.000R$ 162,54R$ 0,00 — isento
R$ 5.000R$ 312,89 R$ 0,00 — isento (faixa máxima de isenção proposta)
R$ 6.000R$ 574,29R$ 417,85 — imposto reduzido com desconto progressivo
R$ 7.000R$ 880,67 R$ 834,07 — imposto com desconto menor
R$ 7.350R$ 978,55 R$ 978,55 — sem desconto (volta à tributação normal)
R$ 8.000R$ 1.033,83R$ 1.033,83 — sem alteração para rendas acima dos limites da isenção/benefício

Como calcular o Imposto de Renda progressivo?

Calcular o Imposto de Renda progressivo significa aplicar as alíquotas por faixa de renda, somando o imposto devido em cada faixa até chegar ao total. O cálculo é sempre feito sobre a renda mensal tributável, descontando INSS e outras deduções permitidas.

Veja o passo a passo a seguir.

1. Identifique sua renda tributável

É o valor após descontos legais, como:

  • INSS;
  • Pensão alimentícia;
  • Dependentes;
  • Despesas dedutíveis (no caso da declaração anual).

No cálculo mensal do salário (IRRF), geralmente o que importa é: Salário bruto – INSS – dependentes – pensão alimentícia.

2. Encontre as faixas de tributação

O Imposto de Renda é progressivo, ou seja, cada parte da renda é tributada com uma alíquota diferente. Portanto, as porcentagens mais altas apenas são aplicadas na faixa da renda que ultrapassar o limite da faixa anterior.

3. Some o imposto devido em cada faixa

O total do imposto é a soma do que foi calculado separadamente em cada faixa.

4. Subtraia as deduções (se aplicável)

No IRRF não costuma haver dedução adicional além do que já foi descontado antes.

No IR anual, você pode descontar:

  • Despesas médicas;
  • Gastos com educação;
  • Dependentes;
  • Previdência privada (PGBL);
  • Pensão alimentícia;
  • Entre outras deduções permitidas.

Exemplo prático

Considerando uma renda mensal de R$ 7.000, o cálculo ocorre da seguinte forma:

  • Até R$ 5.000: isento;
  • Parcela tributável acima da isenção: R$2.000;
  • Essa parte entra nas faixas normais da tabela progressiva;
  • Aplicando as alíquotas progressivas somente sobre os R$ 2.000: 7,5% sobre parte da renda que entra na 2ª faixa;
  • IR devido aproximado: R$ 834,07.

Qual a diferença entre Imposto de Renda progressivo e regressivo?

O Imposto de Renda progressivo e o imposto regressivo são duas formas diferentes de tributar, baseadas em como a alíquota se comporta em relação à renda ou ao tempo.

Imposto de Renda progressivo

É o modelo usado no Brasil para tributar salários, aposentadorias e rendimentos do trabalho.

Como funciona?

  • Quanto maior a renda, maior a alíquota;
  • A tributação é feita por faixas de renda;
  • Quem ganha menos paga proporcionalmente menos (ou é isento);
  • Quem ganha mais paga proporcionalmente mais.

Exemplos comuns:

  • Salários e aposentadorias (IRRF e IRPF);
  • Rendimentos de pessoas físicas em geral.

O objetivo é tornar a tributação mais justa, alinhada à capacidade contributiva.

Imposto regressivo

No modelo regressivo, a alíquota diminui ao longo do tempo ou conforme certas condições.

Como funciona?

  • A tributação é maior no início e vai diminuindo;
  • Quanto mais tempo o dinheiro fica investido, menor o imposto.

Onde aparece?

No Brasil, é comum em investimentos, como:

  • Fundos de renda fixa;
  • Fundos multimercado;
  • Tesouro Direto (alguns títulos);
  • CDBs.

Nesses casos, o imposto funciona assim:

  • 22,5% para resgates em até 180 dias;
  • 20% entre 181 e 360 dias;
  • 17,5% entre 361 e 720 dias;
  • 15% acima de 720 dias.

Aqui, o objetivo incentivar o investimento de longo prazo.

O Imposto de Renda progressivo é a base da tributação sobre salários e aposentadorias no Brasil e entender como ele funciona, especialmente após as novas regras, é essencial para planejar melhor seu orçamento. Com a ampliação da isenção e a criação de um desconto progressivo, milhões de contribuintes passam a pagar menos impostos ou até a entrar na faixa de isenção.

Ao compreender o impacto das novas alíquotas e como elas se aplicam na prática, você toma decisões financeiras mais conscientes, evita surpresas no IR e aproveita oportunidades de economia ao longo do ano.

Leia também: Imposto de Renda atrasado: quais as consequências e o que fazer